Com o objetivo de mobilizar a participação de funcionários da Refinaria de Paulínia (Replan) da Petrobras para plantio voluntário em propriedade rural de Nazaré Paulista, a equipe do Projeto Semeando Água visitou a Replan, em fevereiro (22) para apresentação da ação e abertura das inscrições.  “Queremos deixar aqui o convite para que no próximo mês (13 de março), ainda na temporada das chuvas, alguns funcionários da Replan conheçam de perto o projeto Semeando Água e coloquem literalmente as mãos na terra em plantio com base na Agroecologia Sintróprica”, enfatizou Alexandre Uezu, coordenador do projeto Semeando Água.  A atividade contará com a consultoria de Karin Hanzi, especialista em agricultura sintrópica, do Epicentro Dalva e envolverá as empresas da região do Sistema Cantareira.

Desde o início da conversa sobre o dia de voluntariado, a iniciativa contou com o apoio de Rogério Daisson, gerente geral da Replan, que destacou a importância da ação e do envolvimento dos funcionários. “É muito interessante um grupo de pessoas da companhia ter a oportunidade de passar um dia conhecendo uma iniciativa patrocinada pela Petrobras e que tem muito a ver com essa questão da preservação da vida, da natureza, da água e como consequência com a nossa preservação”, pontuou.

O gerente geral da Replan aproveitou a oportunidade para compartilhar as primeiras memórias sobre o contato com a natureza. “Meu engajamento ambiental entre aspas começou na infância, nasci aqui no Estado de São Paulo, mas cresci em Brasília e meu pai tinha um sítio que ficava a 60 km de onde morávamos. Nesse sítio tinha um córrego com mata ciliar. Derrubar uma árvore com o machado para fazer lenha era permitido só se ela estivesse seca. Cresci assim aprendendo a plantar milho, arroz, feijão e até hoje guardo de certa maneira esse gosto pelo plantar. Moro em uma casa em Campinas e no quintal tem manga, jabuticaba e alguns canteiros. Sinto falta até hoje desse contato maior com a terra, com as plantas, com a água. Cresci assim e acho que todos deveriam sentir falta disso, principalmente nós que vivemos em cidades superurbanizadas”.

Daisson contextualizou ainda a relevância da questão-chave trabalhada pelo projeto para toda a sociedade. “Esse projeto tem na sua essência a preservação da água, a importância da mata ciliar que tinha lá no sítio do meu pai. Elas são muito importantes para o ciclo da água. A gente sabe que a nossa região aqui tem carência de água, passamos por uma crise bastante forte há alguns anos e percebemos que o desenvolvimento dos grandes centros, o crescimento populacional, a indústria; tudo isso vem transformando o planeta, vem afetando o equilíbrio. Se a gente não cuidar desses aspectos nosso futuro não parece tão promissor”.

Panorama do Sistema Cantareira

Na sequência, Alexandre Uezu, coordenador do projeto Semeando Água, apresentou o contexto, os desafios e ações que têm potencial de contribuir com a segurança hídrica do Sistema que abastece 7,6 milhões de pessoas na capital e na região metropolitana de São Paulo. “O Sistema Cantareira é a cabeceira dos rios principais que formam o PCJ: Piracicaba, Capivari e Jundiaí e que abastecem a região de Campinas, onde está a Replan. A qualidade da água que chega às cidades que são beneficiárias do Sistema depende muito do uso do solo que é feito na região do Sistema Cantareira e é isso que a gente busca melhorar com o projeto”, comentou.

O déficit de APPs hídricas no Sistema Cantareira que precisam ser restauradas é de 60%. Outra frente trabalhada pelo projeto é a de educação ambiental, por meio de capacitações de produtores rurais. “Boa parte das propriedades da região tem um baixo rendimento e isso é um alerta que ganha força pela proximidade da região com os grandes centros, como Campinas, São Paulo, São José dos Campos, isso faz com que exista uma especulação imobiliária muito forte na região. E quando você une baixa produtividade com especulação imobiliária há uma chance alta das pessoas venderem suas terras para interessados em loteamento, o que a gente não quer é justamente que a região vire uma Guarapiranga, no sul de SP, que tem qualidade de água muito inferior em relação ao Sistema Cantareira”.

Diante desse cenário existem dois grandes desafios: a restauração de 21 mil hectares de Áreas de Preservação Permanente (APPs), que significa plantar 35 milhões de árvores e melhorar o manejo em 100 mil hectares de pastagens bastante degradadas. “Com o melhor uso do solo é possível aumentar a produtividade dos produtores rurais.  Dentro do projeto trabalhamos tanto com a questão das APPs quanto com a questão produtiva, porque o que a gente quer de verdade é manter o produtor rural nessa região, afinal é esse produtor rural que vai garantir a quantidade e a qualidade dessa água do Sistema Cantareira. Fazemos isso por meio do Planejamento da Paisagem, pensando a paisagem de maneira integral, considerando tanto as APPs quanto a parte produtiva e já temos alguns exemplos de como conseguimos integrar conservação com aumento da produção”.