O segundo encontro com o objetivo de articular os diferentes elos da cadeia produtiva do leite na região de Bragança Paulista (SP), em prol de um objetivo comum, mobilizou no início de junho (07) cerca de 30 profissionais, entre produtores rurais, representantes das indústrias de laticínios, da Fundação de Ensino Superior de Bragança Paulista (FESB), do Sebrae de Jundiaí e a equipe do projeto Semeando Água, uma iniciativa do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas com patrocínio da Petrobras, através do programa Petrobras Socioambiental.
A equipe da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – Casa da Agricultura de Bragança (CATI) dividiu os participantes em grupos e distribuiu cinco fichas com os temas relacionados no encontro anterior e que podem ser trabalhados pelos elos da cadeia: estradas rurais ruins, dificuldade de acesso ao crédito, falta de capacitação técnica e gestão, baixo preço do leite, alto custo dos insumos de produção. Todos os grupos tiveram a oportunidade de incluir considerações a respeito dos cinco temas.
O objetivo foi reunir os diferentes pontos de vista para na sequência abrir a discussão e validar os caminhos que serão compartilhados com o grupo gestor de maneira prática, como revela Marcelo Baptista, chefe da CATI regional Bragança Paulista. “A diretriz aqui sempre foi participativa e queremos que as propostas venham de vocês, da Universidade, dos técnicos, dos produtores. Com base nesse apanhado do que foi discutido aqui, o grupo gestor fará reuniões e indicará ações”.
As soluções mencionadas pelos participantes diante de estradas ruins apontam para conservação do solo nas áreas lindeiras, capacitação contínua dos responsáveis (operadores) e a recuperação das vias. O desenvolvimento de programas de conscientização, a construção de barraginhas, treinamento e capacitação apareceram entre as estratégias capazes de contribuir com um novo cenário.
Para enfrentar o alto custo dos insumos de produção, os participantes destacaram como possíveis soluções: associativismo, por meio de compra conjunta, melhoria no manejo de pastagem, com foco na capacitação; produção dos próprios insumos, via parcerias entre produtores; aquisição de novas tecnologias e melhoria no processo produtivo.
Frente à dificuldade de acesso ao crédito, o público relacionou entre as iniciativas, conscientizar os produtores rurais sobre a importância de regularizar a documentação das propriedades e promover reuniões com banco, cooperativas de crédito e Sebrae.
A resposta à falta de capacitação técnica e de gestão deve mobilizar assistência efetiva nas áreas de qualidade do leite, manejo de bezerros, de pastagens e nutrição de bovinos. Outra linha de ação trouxe como ponto central conscientizar os produtores quanto à importância das capacitações, nesse caso campanhas e programas de acompanhamento são os canais que podem ajudar na construção desse novo posicionamento. A capacitação em inovações tecnológicas também foi citada e para os participantes, visitas a esses locais podem ser uma estratégia capaz de mobilizar de maneira mais intensa alguns produtores.
O baixo preço do leite também despontou entre os desafios. Nessa direção, mais uma vez, o cooperativismo ganhou visibilidade como potencial alternativa capaz de transformar a realidade. Agregar valor à produção é outra medida reconhecida cada vez com mais força como caminho a ser trilhado pelos produtores.
O próximo encontro já tem data, 28 de junho, dessa vez o objetivo será ampliar o grupo gestor para garantir celeridade às ações, como pontua Gabriela Oliveira, coordenadora da iniciativa e assistente de planejamento da diretoria. “Hoje, o grupo gestor é formado por quatro profissionais da CATI e a ideia com a inclusão de mais atores sociais é ter a representatividade dos diferentes elos da cadeia para que a gente possa discutir melhor o que realmente será feito e de que forma. O grupo gestor não exclui a participação de interessados nas reuniões, porém, quem integra o grupo precisa firmar o compromisso que vai se reunir e colocar esse projeto para andar”.