Nos dias 02 e 03 de abril o Projeto Semeando Água promoverá um curso de Florestas Multifuncionais. As florestas multifuncionais são florestas plantadas que podem servir para diversos usos, conciliando a produção voltada para o consumo humano com a conservação da biodiversidade e geração de serviços ecossistêmicos (como a regulação do clima, ciclo da água, controles biológicos, e polinização).  

Voltado a proprietários e produtores rurais o curso será realizado na Sede do IPÊ (Rodovia D. Pedro, km 47, Bairro Moinho I, Nazaré Paulista/SP) das 8:30 às 16:30. Para participar faça sua inscrição através do formulário ou envie mensagem para (11) 97297 3516. O curso é gratuito, presencial e possui vagas limitadas. 

O curso terá como conteúdo teórico: introdução aos princípios básicos e potencialidades dos sistemas agroflorestais; diagnóstico e tomadas de decisão em um planejamento de um sistema agroflorestal; avaliação do desenvolvimento de um sistema agroflorestal com foco produtivo e de restauração com o exemplo do Assentamento Nova conquista, em Tremembé/SP; espécies agrícolas interessantes para introduzir em projetos de restauração – quais e por quê?; apresentação de sistemas agroflorestais agroecológicos referências no Brasil. Na parte prática será realizada a  implantação de um módulo agroflorestal, com as etapas de preparo do solo, reconhecimento das espécies, diálogo sobre croqui de planejamento e plantio. 

 

O que pode ser produzido através de uma Floresta Multifuncional? 

Madeira: apesar de apresentarem um crescimento mais lento, a madeira de algumas espécies nativas da Mata Atlântica podem ser destinadas a produção de móveis e construção civil e possuem maior valor agregado. Espécies como o jequitibá-rosa, o louro-pardo e o ipê-felpudo ocorrem naturalmente na região e tem apresentado bom desempenho nas Restaurações Florestais implementadas pelo Projeto Semeando Água. É possível consorciar estas com outras exóticas de rápido crescimento, pensando na produção de lenha e madeira para serraria, produção que já acontece na região do Sistema Cantareira. 

Óleos essenciais: o manejo das Florestas Multifuncionais, ou seja, a manutenção para garantia de seu desenvolvimento, resulta em podas que podem ser utilizadas para a extração de óleos essenciais, que podem ser comercializados in natura ou utilizados para a produção de perfumes, produtos de higiene ou aromaterapia. Espécies como aroeira-pimenteira, copaíba e jatobá podem ser utilizadas para esse propósito. 

Produtos Apícolas: responsáveis pela polinização, as abelhas não só apresentam o potencial de aumentar a produtividade de culturas agrícolas como gerar mel, própolis e cera que podem ser comercializados. A criação de abelhas sem ferrão (meliponicultura) é uma tendencia crescente, e apresenta uma grande diversidade de produtos. 

Sementes: as sementes das espécies presentes nas Florestas Multifuncionais podem ser comercializadas para viveiros ou utilizadas para a produção de mudas dentro da propriedade rural. Para saber mais acesse nossa notícia sobre os requisitos necessários para a delimitação de uma Área de Coleta de Sementes 

Juçara: a espécie, que é fonte de alimento para diversos animais, está atualmente ameaça de extinção. Com alto potencial nutricional e possibilidade de desdobramento em diversos produtos (sucos, sorvetes e até mesmo corantes), sua aparência e sabor se assemelham ao açaí. Consumir alimentos locais reduz os custos de transporte além de contribuir com a conservação do bioma.  

 

Benefícios para o produtor rural e para a população 

As florestas multifuncionais contribuem para a produção de água, descompactando o solo com suas raízes para melhor infiltração da água da chuva e abastecimento dos lençóis freáticos; armazenam carbono ao longo de seu crescimento, contribuindo para a redução dos impactos das climática e aumentam a biodiversidade local, ao utilizar uma variedade de espécies nativas que se tornarão habitat para a fauna.  

Em propriedades rurais ambientalmente adequadas, onde o solo não apresenta condições de degradação (sem cobertura vegetal, compactados, pobres em nutrientes e microrganismos) ocorre a redução da velocidade de escoamento da água da chuva, o que diminui a perda da camada superficial do solo e aumenta sua fertilidade, além de atenderem os parâmetros estabelecidos pelo Código Florestal e adequação ao Cadastro Ambiental Rural (CAR).  

Solos vivos, onde habita uma diversidade de microrganismos, são responsáveis pela ciclagem de nutrientes e precisam estar constantemente cobertos com matéria orgânica (folhas secas, restos de poda trituradas). Solos bem manejamos têm a capacidade de aumentar a produtividade, reduzir custos com insumos e irrigação e diminuir a ocorrência de pragas e doenças nos plantios. 

“Formar novas florestas que sejam produtivas é uma das formas de aumentar a cobertura florestal na região que forma o Sistema Cantareira. Apresentar oportunidades de geração de renda a partir da própria floresta é uma alternativa para redução da necessidade de ocupação destas áreas com altas declividades por pastagens degradadas e monocultura de eucalipto, atualmente os principais usos do solo na região.” Explica Gustavo Brichi, técnicos e extensionista do Projeto Semeando Água, uma iniciativa do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. 

 

Instrutores 

Thiago Monaco

Agrônomo, consultor de projetos agroflorestais e de restauração e agricultor. Trabalha com sistemas agroflorestais desde 2015, quando iniciou sua caminhada na agroecologia, conhecendo agroflorestas em diversas regiões do país. Desde então, se dedica a impulsionar e difundir as técnicas e práticas agroflorestais para agricultores, consumidores e profissionais da área. 

Roberta Selingardi 

Inicialmente formada na área da saúde, Roberta entendeu como nossa relação com o meio ambiente é intimamente responsável pela nossa qualidade de vida. Através de viagens, cursos e mutirões, aprendeu sobre as dinâmicas agroflorestais e pôde colocar em prática seu aprendizado como agricultora. Hoje, é formanda em Engenharia Florestal na UNESP de Botucatu e atua com educação ambiental e projetos agroflorestais. 

Gabriel Ruffino

Agrônomo, vem atuando com sistemas agroflorestais desde 2015. Hoje em dia, como agricultor, é produtor de alimentos agroecológicos. Atua também como arborista na empresa Peabiru Arboriza, realizando escaladas e podas em altura. Algumas viagens pelo brasil visitando sistemas agroflorestais foram o que impulsionaram e deram um pouco de bagagem.