“Uso do Solo e a Restauração Florestal são os grandes reguladores tanto da conectividade da biodiversidade, quanto dos recursos hídricos e socioeconômicos”, com essa frase Alexandre Uezu, pesquisador do IPÊ, professor da ESCAS e coordenador do Projeto Semeando Água/IPÊ, sintetizou a importância das ações voltadas ao fomento de melhores práticas no Sistema Cantareira.
“Aumentar a permeabilidade do solo e a conectividade da paisagem têm potencial para ampliar a renda dos produtores rurais, o que contribui para a permanência deles na região. Dentro do Sistema Cantareira a maior parte das famílias recebe menos de um salário mínimo – o que está muito relacionado à produção do Sistema Cantareira que tem como característica a degradação do solo, com a consequente baixa produtividade. Diante disso, a venda das terras e a vinda de pessoas para loteamentos muitas vezes ilegais é uma realidade”, explica Uezu.
Nesse cenário, o pesquisador destaca que melhorar as condições para os proprietários rurais, de forma a estimular que permaneçam na região, é fundamental. “O IPÊ apresenta aos produtores alternativas que conciliam o aumento da renda com a conservação dos recursos hídricos e da biodiversidade. Melhoria de pastagem, sistemas agroflorestais, silvicultura de nativas, restauração florestal são alguns exemplos de práticas para conciliar os interesses dos produtores da região”, complementa. As ações pontuadas acima fazem parte da atuação do IPÊ no Sistema Cantareira via o Projeto Semeando Água que tem como área de abrangência os municípios de Bragança Paulista, Joanópolis, Mairiporã, Nazaré Paulista e Piracaia, em São Paulo, além de Camanducaia, Extrema e Itapeva, em Minas Gerais. O Projeto Semeando Água conta com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e Governo Federal.
A água do Sistema Cantareira abastece 9 milhões de pessoas apenas na região metropolitana de São Paulo, e os benefícios vão ainda além da questão hídrica. “Com o melhor uso do solo a gente aumenta também a capacidade de armazenamento de carbono que vai beneficiar as questões climáticas. Acreditamos que um bom caminho para a região é a criação de um ciclo virtuoso que conecte as áreas provedora e beneficiária do Sistema Cantareira, incentivando produções socioecológicas na área produtora de água e a compra desses alimentos pela população que vive na área já beneficiada pela água da região. Dessa forma, temos a conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos, mas também os produtores rurais, em especial, vivendo dignamente da produção. Ao mesmo tempo, em que há uma garantia da segurança hídrica para os moradores da região metropolitana de São Paulo”, finaliza Uezu.