Foi realizado na última sexta-feira, dia 18/03 na sede do Instituto IPÊ, em Nazaré Paulista, o Seminário “Água, energia e alimento: aplicação da abordagem Nexus para contribuir com a gestão dos recursos naturais na área de contribuição do Sistema Cantareira” e reuniu pesquisadores, estudantes da ESCAS (Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade) e técnicos de prefeituras para conhecer os resultados das pesquisas que tiveram duração aproximada de três anos e foram financiadas com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Petrobras – por meio do patrocínio ao projeto Semeando Água através do Programa Petrobras Socioambiental.

Com uma equipe de mais de 10 pesquisadores do Instituto IPÊ e da Universidade Federal de Lavras/MG (UFLA), o Projeto Nexus gerou novas informações a partir de uma abordagem que inter relaciona a gestão de recursos naturais da região com novas estratégias socioambientais para o desenvolvimento do Sistema Cantareira, com o intuito de mudar o contexto de uso do solo atual e tornar a região mais próspera e resiliente às mudanças climáticas. “Esse projeto tem um significado muito importante para nós do IPÊ porque conseguimos integrar pesquisadores e pesquisas a problemas reais. A gente sabe dos desafios e da necessidade de conhecer mais profundamente a região do Cantareira e fazer mais pesquisa não só com foco na conservação da água, mas de outros importantes serviços ecossistêmicos é fundamental”, celebrou Eduardo Ditt, Diretor Executivo do Instituto IPÊ.

Alexandre Uezu, coordenador do Semeando Água e um dos responsáveis pelas pesquisas do Projeto Nexus, apresentou informações da região de estudo e reforçou sua relevância para a segurança hídrica, energética e alimentar de São Paulo.

“O Sistema Cantareira abastece cerca de 7,5 milhões de pessoas, o que representa 42% da população da Região Metropolitana de São Paulo e cerca de 16% a 25% da população do Estado, além de importantes pólos industriais. Entre os desafios está a baixa produtividade com cerca de 100 mil ha de pastagens degradadas, um passivo ambiental de cerca de 21 mil ha de APPs Hídricas que deveriam estar restauradas e conter florestas e a baixa resiliência às mudanças climáticas”, explicou ao público.

Em seguida, a pesquisadora do IPÊ, Letícia Freitas, apresentou os resultados do estudo que tinha como principal pergunta: “Como as ações de manejo dos sistemas produtivos e a restauração florestal podem auxiliar no aumento da resiliência do Cantareira às mudanças climáticas?” Ela utilizou a bacia do rio Atibainha como área de estudo e a partir da construção de um modelo hidrológico encontrou as principais áreas que são estratégicas e com maior potencial de recarga hídrica, além das Áreas de Proteção Ambiental (APPs). A pesquisadora trabalhou com 12 diferentes cenários de combinação entre os manejos de solo e 3 projeções de cenários climáticos futuros. 

Já o pesquisador Rafael Chiodi da UFLA – e também um dos coordenadores do Projeto Nexus – falou sobre as dimensões socioeconômicas e político-institucionais no âmbito do Sistema Cantareira. “Utilizar a abordagem Nexus em relação às políticas públicas no contexto do Cantareira seria no sentido de intensificar políticas integradas e criar novas como, por exemplo, políticas de Pagamento por Serviços Ambientais e Iniciativas de Produção Pecuária Sustentável, correlacionando a produção e conservação de água, produção de alimento (pastagem de gado) e bioenergia (produção de eucalipto destinados a lenha e carvão), esse que são os usos do solo que predominam na área”, explicou. Além disso, segundo o professor Rafael Chiodi, seria necessário construir uma “governança nexus”, como por exemplo um subcomitê do Sistema Cantareira dentro do Comitê PCJ aumentando a participação dos produtores rurais e abarcando novas problemáticas e atores envolvidos com as questões do território a fim de ampliar a escala de atuação e criar novas estratégias de incidências em políticas públicas.

Assista o Seminário completo!

É possível assistir todo o seminário que trouxe os principais resultados do Projeto Nexus e que contou ainda com as participações do pesquisador Bruno Montoani (UFLA) abordando as questões entre solo-água como um serviço ecossistêmico; Paulo Henrique Pereira, representando a Prefeitura de Extrema, que contou um pouco do projeto Conservador das Águas; A pesquisa de Gabriela Goulart sobre a viabilidade econômica de diferentes sistemas produtivos na região; José Fernando Valle da Fundação Florestal sobre a importância do Plano de Manejo da APA Sistema Cantareira; e Marina Peres Barbosa que apresentou exemplos de ações práticas dentro dos Comitês PCJ no contexto do Cantareira. 

Todas as apresentações estão disponíveis para consulta aqui