As consequências do desmatamento, os impactos na qualidade da água, de onde vem a água que chega até Paulínia e a importância do Sistema Cantareira estão entre as questões apresentadas pela equipe do Projeto Semeando Água, em novembro (07), para crianças entre 08 e 10 anos de duas escolas de Paulínia: EMEF Maria Regina Ferreira de Mattos e Moura e EMEF Maria Aparecida Caputti Beraldo.
O Projeto Semeando Água é uma realização do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e Governo Federal. As ações em Paulínia tiveram início por meio da aproximação do Projeto com a Refinaria de Paulínia (Replan/Petrobras). Além da apresentação do Projeto aos funcionários na própria Refinaria, cerca de 40 participaram de ações práticas no Sistema Cantareira. Neste mês, a equipe do Projeto mobilizou educadores – que receberam material prévio – e alunos de duas escolas sobre a relação entre a produção de água no Sistema Cantareira e a água de Paulínia.
Toda a ação foi acompanhada por Daniel Motta, da área de Responsabilidade Social da Replan, e por Ligia Mara Fernandes, da Integração Regional e Relacionamento Comunitário da Petrobras. Pela proximidade com a Refinaria, alguns estudantes dessas escolas são filhos de funcionários da Replan. Alexandre Uezu, coordenador do Projeto Semeando Água, também participou da ação e compartilhou conhecimento com os alunos. Gianlucca Consoli, estagiário de educação ambiental, contribuiu com o desenvolvimento das atividades.
Onde nascem os rios
Atibaia e Jaguari são dois importantes rios que chegam à Paulínia, suas nascentes estão no Sistema Cantareira, dessa forma as condições encontradas no local onde a água nasce interferem diretamente na qualidade e na quantidade de água de Paulínia, Piracicaba, além da região metropolitana de São Paulo. “Nós do Projeto Semeando Água moramos lá no Sistema Cantareira e é lá, nesse lugar, onde nascem os rios que abastecem vocês aqui em Paulínia. Água que abastece significa água para beber na escola e nas casas de vocês, para lavar as mãos, cozinhar, regar as plantas – toda essa água nasce lá no Sistema Cantareira. Por isso estamos aqui, para contar isso para vocês. No Projeto Semeando Água estamos plantando um monte de árvores para não faltar água para vocês”, explicou Andrea Pupo, coordenadora de educação ambiental do Projeto Semeando Água.
Quando chove…
Com o objetivo de mostrar como o uso do solo interfere na qualidade da água, Andrea Pupo levou um experimento para as escolas. “Os efeitos do desmatamento sobre a qualidade da água são muito visíveis. Quando temos dois cenários sob o efeito da mesma ação, fica muito evidente a diferença”, pontuou a especialista.
O experimento apresentado aos alunos tem como base a observação de dois recipientes, no primeiro há terra e alpiste plantado há cerca de 8 – 10 dias com o intuito de simular uma floresta. No outro recipiente há apenas terra. “Quando regamos, ou melhor, fazemos chover nos dois recipientes, enquanto na área com vegetação, a água infiltra e chega ao reservatório transparente. Na outra, sem vegetação, a água carrega terra para o reservatório”, explicou Andrea. Os alunos logo notaram a diferença e fizeram um coro: “Tá saindo limpa” sobre a água no recipiente que simulou a floresta.
Para a professora Cristiane Regina Pavioti, do terceiro ano C da EMEF Caputti, vivências como essa trazem uma série de aprendizados”. “Se a gente fica só no livro, na foto, na figura, eles não vivenciam. Aqui na escola já fizemos a nossa horta, falamos dos ipês, mas eles queriam ver, conhecer a árvore, acompanhar o crescimento dela. Para os alunos, a vivência de tudo isso facilita e muito o aprendizado”.
A equipe do Projeto Semeando Água reforçou a importâncias das duas turmas compartilharem o conhecimento adquirido com os demais alunos. “Com a ajuda das professoras vocês podem contar para os alunos das outras turmas como a floresta em pé no Sistema Cantareira faz diferença para a quantidade e a qualidade de água que chega até vocês”.
A professora Solange Fernandes Vital, do terceiro ano B, da EMEF Maria Regina Ferreira de Mattos e Moura, pontuou sobre a importância de contextualizar, de maneira prática, questões muito próximas do dia a dia deles. “A experiência de simular duas realidades e colocar água, para mostrar o que acontece, de fato, tem uma didática muito melhor. Acredito muito que é a educação das crianças que vai mudar o mundo lá na frente. Projetos como esse devem estar sempre dentro da escola. Vamos tentar reproduzir o experimento para as outras turmas”.
Plantar é o (re) começo
No pátio das escolas as duas turmas tiveram a oportunidade de plantar.“Trouxemos árvores que são bebês, com cerca de oito meses de vida, são bem pequenas e de bebês a gente precisa cuidar, todo mundo concorda?”, reforçou Pupo. Os alunos foram divididos em grupos e plantaram quaresmeira, ipê-roxo, ipê-branco, ipê-amarelo, dedaleiro, suinã e sibipiruna – espécies da Mata Atlântica utilizadas nas restaurações no Sistema Cantareira.
Com o plantio em escolas, os alunos conseguem acompanhar de perto o desenvolvimento das mudas e descobrem que se para cortar uma árvore leva apenas alguns minutos para que elas cresçam é preciso cuidado e paciência. A professora Solange, da EMEF Maria Regina Ferreira de Mattos e Moura lembrou que com as árvores na escola, daqui a alguns anos, será muito mais agradável brincar no verão, já que elas ajudam (e muito) a diminuir a temperatura.