Como forma de ampliar o número de escolas com Coletivos Socioambientais, em que os próprios alunos discutem e elegem ações prioritárias no enfrentamento aos desafios climáticos, o projeto Escolas Climáticas, do IPÊ, apresenta a sistematização recém-concluída da iniciativa. Os alunos que integram os Coletivos passam por formação e passarão a ter acesso a uma plataforma digital de apoio, acompanhados pela equipe do projeto. A nova ferramenta, construída em conjunto com o Instituto Alair Martins (IAMAR) e a Dreamshaper, parceiro de EdTech do Instituto, possibilitará a ampliação do projeto para escolas de todo país. 

O evento que marcou o lançamento da plataforma reuniu no início deste mês (06 de novembro) mais de 40 pessoas – entre representantes das Secretarias de Educação de municípios que já participam, novas Secretarias municipais e estaduais convidadas, professores, financiadores e potenciais apoiadores – na sede do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, em Nazaré Paulista/SP.  

Andrea Pupo, coordenadora do projeto do IPÊ, destaca que o lançamento marca uma nova fase das Escolas Climáticas. “A partir desse momento será possível dar escala ao projeto e atuar inclusive em outros territórios, o que sem dúvida é um reconhecimento aos resultados do projeto. Trouxemos para a plataforma a experiência de três anos de projeto, com cerca de 3.500 pessoas beneficiadas entre alunos, professores e membros da comunidade escolar mobilizados” 

Ludmilla França, gerente executiva do Instituto Alair Martins (IAMAR), parceiro no projeto sistematização, reforça a importância de viabilizar a ampliação do projeto para instituições de ensino de outros territórios, por meio da sistematização, diante dos desafios climáticos atuais. “Para o IAMAR apoiar o projeto Escolas Climáticas desde 2022 tem sido uma oportunidade de materializar nossa missão em relação à conservação ambiental no Brasil aliada à estratégia da educação como grande motor de transformação do nosso país. A ideia de sistematizar essa experiência e poder levá-la a outros territórios surgiu da observação do potencial do projeto na região do Sistema Cantareira (realizado em 8 municípios entre São Paulo e Minas Gerais). A plataforma é uma ferramenta, uma inovação, a partir do que já acontece nas Escolas Climáticas – por meio de uma tecnologia socioeducacional voltada à educação ambiental. Estamos lançando esse potencial das escolas climáticas irem para outros territórios.” 

Projeto Escolas Climáticas lança nova plataforma para ganhar escala

Foto: Bruno Vicente

 

Naiara Campos, consultora do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e Ministério da Educação (MEC), destaca que o projeto está em sintonia com políticas públicas que serão anunciadas durante a COP30. “Os estudantes que passaram pela oficina Escolas Climáticas, durante a VI Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente, levaram muitas ferramentas práticas que vão apoiar a continuidade dos projetos em andamento em seus territórios. Vejo muita sinergia entre as Escolas Climáticas e a Política de Educação Ambiental Escolar que está sendo lançada agora durante a COP, a mesma base metodológica, conceitual, teórica e as legislações de referência. Essas iniciativas são urgentes e necessárias para ampliar a escala da educação ambiental.”  

Suzana Padua, presidente do IPÊ, também prestigiou o evento. Há mais de 40 anos, Suzana deu início à educação ambiental no IPÊ, como forma de despertar na comunidade o senso de pertencimento em relação à biodiversidade de Teodoro Sampaio, tendo em vista a conservação do mico-leão-preto e seu habitat. “A educação é a mola propulsora das mudanças. Se a gente não tocar a pessoa dentro, com mente e coração juntos, que é o papel da educação ambiental, a gente dificilmente vai ter o engajamento. Vejo a Escola Climática como uma maneira de empoderar esses jovens. Porque na hora que você dá responsabilidade e mostra a eles o que eles podem fazer, eles levam isso para a vida e começam a buscar maneiras de contribuir. Esse é o grande papel da educação, buscar os talentos individuais para que eles possam dar uma contribuição para o coletivo.” 

 

Suzana Pádua em evento do Projeto Escolas Climáticas lançando sua nova plataforma

Foto: Bruno Vicente

 

Uma novidade do projeto é que escolas particulares também poderão participar. A condição é a escola financiar a própria participação e viabilizar a jornada de, pelo menos, uma escola pública. 

Experiência de quem já integra o projeto 

 

Os diretores das Escolas Climáticas de Nazaré Paulista/SP, as precursoras na implementação dos Coletivos Socioambientais, contam como o projeto têm mudado perspectivas dos estudantes em relação à crise climática e como os jovens podem atuar em ações de mitigação e adaptação climática.  

“A gente vê que causa interesse nos alunos. Muitos alunos são de sítio, agora eles têm uma visão diferenciada de integração com a natureza, o cuidado que muitos têm com o Sistema Agroflorestal que eles montaram, percebo que se envolveram bastante, isso para nós é muito importante. Eles têm um carinho pelas árvores que plantaram, com as abelhas. Foi um grande salto muito importante para a escola. Demonstram um cuidado maior com o espaço da escola, um olhar mais atento para o entorno e até com os próprios estudos. Os alunos mais envolvidos estão se tornando lideranças acolhedoras.” Junior Cesar Pinheiro, coordenador da Escola Estadual Prof.ª Maria Eloísa Pinheiro Ramos, escola que teve a implantação de um sistema agroflorestal (SAF) com mais de 40 árvores e a instalação de uma caixa de jataí em seu espaço pelos próprios alunos através do projeto.

“A gente percebe a diferença que a educação ambiental faz na vida. Por exemplo, tenho um aluno que tinha muitas dificuldades e desenvolveu muito suas habilidades socioemocionais com a participação no projeto. Ele relatou que descobriu seu projeto de vida e quer fazer agronomia, porque a escola o despertou para isso, mostrando que algo que ele já gosta de fazer pode ser uma possibilidade de ter uma carreira.  Com o projeto do IPÊ começamos a trabalhar com o Sistema Agroflorestal e eles entenderem a importância da cooperação com a natureza, que não é só extração. Acredito que a plataforma vai ajudar muito no registro, na sistematização e também dar visibilidade às ações realizadas.” Estela Jorge Alves – Escola Estadual Prof. Fabio Hacl Pínola, a escola também teve a implantação de um pequeno SAF, além da construção de uma sala ao ar livre com técnicas de bioconstrução e identificação de abelhas nativas raras em seu espaço. 

Os jovens são os protagonistas

 

O público-alvo do projeto é formado por jovens dos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Professores, diretores e membros da comunidade escolar são bem-vindos nos Coletivos Socioambientais, mas o protagonismo é dos jovens, afinal, eles precisam aprender a lidar com um planeta em condições desafiadoras. “Durante o desenvolvimento da plataforma ficou ainda mais evidente a importância de a gestão escolar, ser de fato, participativa e democrática, para o amadurecimento dos jovens, mas também da escola como instituição”, destaca Andrea. 

Dinâmica com integração da plataforma 

 

O primeiro passo das escolas que integram o projeto Escolas Climáticas é a formação dos Coletivos Socioambientais, um por escola. Uma vez definido o grupo que deve contar com cerca de 20 integrantes, a maioria alunos, a equipe do projeto promove uma vivência presencial como forma de alinhar conhecimentos.   

Na sequência, o Coletivo realiza o diagnóstico da escola para eleger prioridades. A equipe do projeto analisa essas respostas e com base nelas encaminha o próximo passo da jornada que ao todo reúne sete temas-chave com desafios que levam à realização das ações.  

“A plataforma tem por objetivo propor desafios, coletar evidências e acompanhar o andamento de mais Coletivos. A ideia não é substituir o espaço de aula e aprendizagem, mas sim ser uma base das ações dos Coletivos, que possibilite, mesmo com o ganho de escala, acompanhá-los de forma efetiva. A equipe do projeto e os educadores estarão ainda mais próximos para incentivar e acompanhar, os protagonistas que são os alunos, eles que vão alimentar a plataforma, ela ajudará a todos a ter clareza do que foi feito e do que ainda é necessário”, esclarece Isabela Volpato, educadora ambiental do Projeto Escolas Climáticas. 

Isabela Volpato apresenta a plataforma das Escolas Climáticas

Foto: Bruno Vicente

 

O projeto Escolas Climáticas é fruto da parceria com o Instituto Alair Martins (IAMAR) e nasceu dentro do Programa Semeando Água, uma parceria entre o IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas e a Petrobrás através do Programa Petrobrás Socioambiental – estabelecida por meio de convênio entre as duas instituições. A partir de 2026 o projeto sai do âmbito exclusivo do programa para romper fronteiras em prol da educação ambiental! 

 

Participantes do lançamento de nova plataforma do Projeto Escolas Climáticas

Foto: Bruno Vicente

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