Oficinas de Bioeconomia nas Escolas Climáticas 

Em duas das Escolas Climáticas integrantes do Projeto Semeando Água foram realizadas oficinas com temas relacionados à Bioeconomia voltadas ao público jovem. Através desta atividade os alunos puderam desenvolver habilidades sobre métodos de produção que geram renda, oportunidades e ainda protegem o meio ambiente. As oficinas foram ofertadas a alunos do ensino médio, ministradas por especialistas em cada um dos temas, com carga horária total de 8 horas.   

A oficina de “Meliponicultura: criação de abelhas nativas” foi realizada na escola Prof. Henrique M. Hacl  e ministrada por Gustavo Alexandre, Gestor da Área de Proteção Ambiental (APA) Parque e Fazenda do Carmo e Coordenador do Programa Abelhas Nativas da Fundação Florestal. Meliponicultura é a técnica de criação de espécies de abelhas nativas sem ferrão que produzem mel (melíferas). Para isso são construídas caixas de madeira que servirão de abrigo às colmeias e permitem a coleta do mel e outros produtos. 

A oficina teve início com a apresentação das diferentes espécies de abelhas, como são classificadas, seus hábitos de vida e organização social. Também foram abordadas definições dos produtos das colmeias (mel, própolis e cera), a função de cada um deles e a maneira como as abelhas se organizam dentro das caixas para a produção. 

As abelhas são responsáveis por um importante serviço ecossistêmico: a polinização. Ao coletar o pólen das flores, realizam sua fecundação para a frutificação através da troca de material genético entre árvores, o que fortalece a biodiversidade.  

A parte prática da oficina teve a demonstração de quatro tipos de caixa para a captura das abelhas e como podem ser construídas. Alguns alunos já possuem caixas de abelhas em suas propriedades, manejadas por familiares e puderam aprofundar seu conhecimento sobre o tema. 

“Nesse meu tempo na meliponicultura eu tenho ouvido muitas histórias, de pessoas que encontram ninhos de Jataí ou de outras abelhas que são sem ferrão e por falta de conhecimento a população mata, põe fogo, devido ao medo. Os jovens, ao conhecer essas abelhas, sabendo que elas são inofensivas, vão propagar esse conhecimento aos mais velhos. Em casa vão ensinar para os pais que as abelhas nativas não são iguais às abelhas africanas, que têm ferrão, que são perigosas, então não precisa matar. São os jovens que vão cuidar das abelhas no futuro, quanto mais cedo eles conhecem as abelhas nativas, mais cedo eles criam esse amor, essa empatia e ajudam a preservar. Assim, a gente vai ampliando essa rede de pessoas que gostam das abelhas e querem protegê-las” explica Alexandre. 

A oficina de “Xilogravura” foi realizada na escola Profª  Maria Eloiza P. Ramos pela artista e Semeadora de Água Tania Soares. Tania é produtora rural e utiliza a inspiração de viver em meio a natureza para a criação de suas artes. Soares utiliza materiais do cotidiano que seriam descartados (como tampas de garrafa, isopor) visando minimizar o descarte de resíduos e demonstrando outras possibilidades de utilização.  

Os participantes iniciaram a oficina experimentando carimbos trazidos pela instrutora e também esculpiram seus próprios carimbos, desenhando mosaicos em papel com diferentes cores. Como continuidade os alunos experimentaram outros materiais e estamparam tecidos, técnica que pode ser utilizada tanto para a criação de arte quanto de moda sustentável. A oficina foi finalizada com uma apresentação teórica sobre a definição, origens e tipos de xilogravura. Os trabalhos feitos pelos participantes, que tiveram seu despertar artístico e empreendedorismo estimulados, foram exibidos em espaços coletivos das escolas. 

 “Os jovens mostraram muita curiosidade e entusiasmo, o que é bem importante pra que eles possam aprender, desenvolver habilidades e construir conhecimentos necessários para criar soluções para os problemas ambientais que enfrentamos. Acredito que a arte pode abrir e mostrar novos caminhos. A arte ajuda a transformar nossa percepção de mundo e essa é a chave para as mudanças que precisamos. Numa oficina de gravura e estampas, que é o nosso exemplo, os jovens podem não só descobrir um novo ofício, mas aguçar a criatividade, por isso as Escolas Climáticas são tão importantes.” relata Soares. 

Nas duas oficinas Renan Matzner e Tabata Marinangelo, estudantes de Engenharia Florestal e estagiários do Projeto Semeando Água, uma iniciativa do IPÊ, patrocinado pela Petrobras, por meio do programa Petrobras Socioambiental, apresentaram aos alunos as oportunidades de negócios baseados na bioeconomia. Além da produção de mel e arte, outros produtos originados da floresta podem ser uma fonte de renda advinda da conservação da biodiversidade – como resinas, óleos, ervas medicinais, polpa de frutas nativas da Mata Atlântica. Matzner e Marinangelo destacaram a importância da conservação do meio ambiente e de práticas sustentáveis no município de Nazaré Paulista, onde parte da água que abastece milhões de pessoas é gerada e armazenada na represa Atibainha.