Síntese dos assuntos tratados no Curso sobre Poda de Árvores Frutíferas Teórico/ Prático – Projeto Semeando Água

Consultor: Engº Agrº Takanoli Tokunaga

  1. Considerações sobre a poda nas plantas frutíferas

A poda é uma prática importantíssima para aumentar a produção de frutas de alta qualidade. Com essa prática procura-se concentrar a frutificação onde o fruticultor possa alcançar os frutos com facilidade. Para atingir esse objetivo é imprescindível a persistência e conhecimento do produtor sobre as características da espécie explorada.

É muito importante também definir o formato da copa almejada para atender melhor ao manejo que será dado à planta ou ao pomar. O formato da copa está relacionado com o tipo de mecanização, sistema de irrigação, espaçamento, altura máxima e o diâmetro da planta. Definida a arquitetura da planta, após o plantio, através da poda, o fruticultor conduz a planta para alcançar o objetivo.

  • Tipos de formação da copa

2.1. Copa com dois ramos em sentidos opostos

Os ramos ou pernadas são formados a partir de 60cm ou 70cm de altura da muda e conduzidos com inclinação de 45 graus. Para estimular a brotação, após o plantio, desponte a planta à altura referida. O desenvolvimento máximo da pernada termina quando a extremidade atingir de 2,40m a 2,50m do solo – essa altura facilita o manejo. A pernada deve ser inclinada sem formar arcos e até atingir o desenvolvimento final, levará de dois a três anos. Os ramos podem ser conduzidos com a utilização dos seguintes recursos: fios e estacas cravadas no chão ou um tutor fixo no chão na direção pretendida para a pernada.

a) condução com fitas e estacas 

Os ramos selecionados são conduzidos com ângulo de inclinação de 45° e em sentidos opostos (caso atemoia). Inclinar o ramo antes do enrijecimento, utilizando um fio com uma extremidade amarrada ao ramo e outra na estaca cravada no chão. Ao executar esse trabalho esticar o fio até dar a inclinação desejada e prender à estaca. Essa prática deve ser repetida até o ramo atingir o desenvolvimento pretendido, movendo o ponto de laçar o ramo e o local para cravar a estaca no chão.

As pernadas devem ser direcionadas no sentido que não coincida com a incidência dos raios solares, no período da tarde, pois pode ocorrer queimadura. Outro cuidado é dar um laço com folga no ramo para evitar estrangulamento e utilizar material biodegradável.
Inspeção periódica também é imprescindível.

b) condução com tutor

O ramo é constantemente amarrado ao tutor com cuidado para não impedir o crescimento das gemas. A exatidão alcançada nessa condução é maior em comparação ao processo anterior.

À medida que as pernadas vão se alongando forme ramos laterais e horizontais, a cada 30 cm e em lados opostos. Esses ramos são importantes para uma boa produção. Os ramos que crescem no sentido vertical devem ser eliminados. Essas características são válidas também para a formação das plantas descritas no item anterior.

2.2 Copa tipo guia modificado ou líder central

O ramo central é conduzido até a altura máxima desejada. Desse ramo partem ramos laterais sempre posicionados de tal modo que o ramo superior não sombreie o inferior. Terminada a formação a copa fica com o formato de um cone.

2.3 Copa tipo palmeta

Do ramo principal crescem os ramos laterais em sentidos opostos (formato de palma da mão com os dedos abertos).

2.4 Copa tipo espaldeira e caramanchão

Condução para espécies com ramos sem resistência para permanecerem eretos (maracujazeiros, videiras, quiuí).

  • Épocas para podas

3.1 Poda de formação da copa: desponte da muda após o plantio e arqueamento do ramo antes do enrijecimento.

3.2 Poda para frutificação: na fase de dormência das plantas ou no período de desenvolvimento reduzido da planta. É o momento de realizar a poda mais drástica.

É também uma prática que exige muito conhecimento do podador sobre a fisiologia de produção.

3.3 Poda na fase vegetativa: elimine ramos indesejáveis (ramos ladrões, brotações muito próximas das outras, ramos que cruzam sobre outras, ramos com crescimento que ultrapassam o limite de altura e largura da copa). Nessa época, faça poda leve para evitar queimaduras nos ramos pela incidência dos raios solares.

3.4 Poda para reorientação da copa: efetuada na fase de dormência da planta.
É sempre uma poda agressiva. Recomenda-se realizar a correção gradual.

Nesse tipo de poda ocorrem queimaduras nos ramos pela incidência dos raios solares. Há necessidade de pincelar os troncos expostos com tinta látex solúvel em água na cor branca e/ou pasta bordalesa.

  • Cortes dos ramos

Sempre curtos, sem manter restos dos ramos (tocos). Esse cuidado é para favorecer a cicatrização. Os ramos secos devem ser totalmente eliminados, no ponto onde há sinal de tecido vivo, para extirpar focos de doenças e pragas.

4.1 Superfície do corte: deve ser a menor possível, realizando cortes com pouca inclinação. Assim a cicatrização é mais rápida.

4.2 Condições climáticas para poda: tempo seco.

4.3 Proteção dos cortes: todo corte com diâmetro superior a 1,00cm deve ser protegido com a pasta bordalesa ou tinta látex solúvel em água de cor branca.  Não utilize produtos que contêm solventes petroquímicos na composição.

5. Ferramentas e equipamentos utilizados na poda

Tesouras e tesourões manuais

Serrotes manuais

Serras motorizadas

Tesouras elétricas ou a ar comprimido

Escadas tripé

Toda ferramenta de corte deve ser de boa qualidade para obter cortes precisos.

6. Cuidados com as ferramentas e equipamentos

As ferramentas de corte devem ser mantidas sempre limpas, lubrificadas e afiadas.
Durante o serviço umedeça e lave os serrotes e as tesouras.

7. Segurança do Trabalhador

Utilize as ferramentas respeitando as normas de segurança. Nunca deixe parte do seu corpo na linha de corte das ferramentas.

Utilize

  • Luvas de algodão pigmentadas
  • Óculos para proteção dos olhos contra raio UV, pó e contato acidental com os ramos.
  • Bonés
  • Protetor auricular quando necessário
  • Outros Equipamentos de Proteção Individual (EPI).

Guarde as tesouras e serrotes em capas quando não estiverem em uso.

8. Preparo da Pasta Bordalesa

Ingredientes:       1 quilo de cal virgem

                              1 quilo de sulfato de cobre

Modo de Preparo

Dissolva a cal virgem em água, em recipiente metálico, utilizando quantidade de água suficiente para cobrir a cal. Em contato com a água a cal libera muito calor, portanto tenha cuidado para não sofrer queimaduras. Dissolva sulfato de cobre em recipiente não metálico, adicionando volume de água suficiente para cobrir todo produto.

Transfira os dois produtos dissolvidos para um recipiente não metálico e complete o volume para 10 litros. Quando o produto é armazenado em recipiente de plástico ou vidro com boa vedação, pode ser utilizado durante longo tempo. Antes de utilizá-lo, misture até obter um resultado uniforme (mexa com utensílio que não seja metálico). Sempre que a mistura ficar muito pastosa adicione água.

O produto é recomendado para pincelar ramos, troncos, cortes e ferimentos. Não utilize para proteção de cortes em pessegueiros, nectarineiras e ameixeiras porque é tóxico para essas espécies. Entretanto é recomendado para proteger troncos e ramos sem ferimentos.

Considerações Finais

Para finalizar, o podador deve ter em mente que as ramificações se originam de uma gema e são responsáveis por formar a arquitetura da planta, locais de florescimentos e produção de frutos. As gemas estão sempre na base de uma folha. Desse modo, quando a poda é feita em ramos com folhas, é mais fácil a visualização, mas nos ramos desfolhados há necessidade de mais atenção para podar corretamente.