Integrantes do projeto “Semeando Água” participaram de dois encontros voltados aos trabalhadores rurais, na última semana, em Bragança Paulista (SP). Na reunião do Conselho Municipal do Desenvolvimento Rural (CMDR) de 21 de maio, a convite de Marcelo Baptista, chefe da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – Casa da Agricultura de Bragança (CATI), Andrea Pupo, educadora ambiental do “Semeando Água” teve a oportunidade de apresentar a iniciativa às lideranças do Conselho. O projeto é uma iniciativa do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas com patrocínio da Petrobras, através do programa Petrobras Socioambiental.  

O segundo evento da semana, em 24 de maio, marcou o início de um novo trabalho da Casa da Agricultura da regional de Bragança que busca fortalecer a cadeia do leite na região. A reunião de estreia do projeto atraiu cerca de 30 profissionais, entre trabalhadores rurais, representantes das indústrias de laticínios, da Fundação de Ensino Superior de Bragança Paulista (FESB), do Sebrae de Campinas e a equipe do “Semeando Água”.

Andrea Pupo, durante a apresentação, reforçou as capacitações do “Semeando Água” e os motivos que levaram a equipe a prestigiar o encontro. “Estou aqui para conhecer vocês, conversar para a gente dar continuidade ao “Semeando Água”. Esse é um projeto que já atuou em oito municípios do Sistema Cantareira, entre 2013 e 2015 e agora nós estamos voltando e vamos atuar em 2018 e 2019. Um dos nossos objetivos é a promoção de cursos de capacitação para produtores rurais e por isso estamos aqui, porque sabíamos que encontraríamos o público que a gente quer ter nos cursos que vamos promover. Assim que as inscrições estiverem abertas vocês vão ficar sabendo. Estamos aqui com as equipes de educação ambiental e comunicação, mas nossa equipe é grande, temos pesquisadores, agrônomo, engenheiro florestal, entre outros profissionais. O nome do projeto é “Semeando Água” porque buscamos a conservação dos recursos hídricos no Sistema Cantareira, é para isso que a gente está trabalhando”.

Após a fala da educadora, todos os participantes se apresentaram e Emanuel Haddad Perdão, assistente de planejamento da Casa da Agricultura da regional de Bragança (CATI) explicou o contexto da reunião. “O Governo do Estado elegeu sete cadeias produtivas prioritárias: cadeias do gado de leite, gado de corte, apicultura, heveicultura (produção de borracha), cafeicultura, olericultura e fruticultura. A orientação é a de que cada região trabalhe da forma como os elos de cada cadeia queiram. Isso introduz o porquê do convite. Acredito que a melhor forma de olharmos para a cadeia do leite hoje é de forma participativa, destacando os pontos positivos, negativos, gargalos.”.

Emanuel destacou ainda a importância da formação de um grupo que represente os elos da cadeia como forma de otimizar os trabalhos. “No momento, temos um grupo responsável pela cadeia do leite na regional, mas gostaríamos de contar com um grupo formado por vocês. Vão pensando em quem pode participar para trocar informações de maneira mais rápida. Sabemos que não é fácil sair da propriedade ou da empresa e dedicar uma tarde inteira ao projeto, por isso a formação desse grupo é tão importante”.

Diagnóstico da cadeia do leite na regional de Bragança

Na sequência, Juliana Vieira Salles Varallo Leite, chefe da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – Casa da Agricultura de Joanópolis (CATI) e, que integra o grupo gestor, reforçou a importância da mobilização dos diversos atores presentes e desenvolveu a dinâmica para identificação do diagnóstico da cadeia produtiva do leite com os participantes. “A presença de todos aqui é muito importante, principalmente a dos produtores. Fui produtora rural durante muitos anos e sei o quanto é difícil sair da propriedade, mas queria deixar claro o quanto isso é essencial, essa é a oportunidade que a nossa regional tem de fazer um projeto que realmente venha a servir e evoluir a cadeia leiteira. Essa primeira fase do projeto é o diagnóstico, precisamos identificar os problemas que conseguimos trabalhar. A intenção é sairmos daqui com três a cinco questões que serão trabalhadas em conjunto em uma posterior reunião sobre os tratamentos para as questões identificadas”, enfatizou.

Os participantes trabalharam em grupos heterogêneos e escreveram em papeis as questões que representam os obstáculos à cadeia produtiva do leite. Os registros de todos dos grupos foram fixados na lousa e discutidos em conjunto, com o intuito de selecionar diante de uma série de desafios os cinco principais que podem ser enfrentados, a partir da articulação do grupo. Nesse contexto, os altos custos do insumo, o baixo preço pago pelo leite ao produtor rural, a falta de capacitação técnica e de gestão, a dificuldade de obter crédito rural e a precária situação de tantas estradas formam a lista final que deve ser trabalhada pelos diversos atores do segmento.

A colaboração de cada ator social

Emanuel, ressaltou, que para a próxima reunião marcada para 07 de julho, é interessante que cada participante identifique de que forma pode contribuir em resposta ao enfrentamento da situação e destacou, como exemplo, o projeto “Semeando Água”. “O IPÊ já deixou claro que pode contribuir com a capacitação dos produtores rurais a partir desse projeto. Cada um deve fazer esse exercício e apresentar na próxima reunião de que forma pode colaborar”.

Para Marcelo Baptista, chefe da Casa da Agricultura de Bragança Paulista (CATI – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), o viés participativo precisa ser o destaque do fortalecimento da cadeia regional. “A solução não pode ser para um só, é para todo mundo, a gente precisa trabalhar alternativas e soluções em conjunto”, pontuou.

O projeto “Semeando Água”, entre uma série de iniciativas, desenvolve duas frentes – educação ambiental e capacitação – para ampliar o conhecimento dos produtores rurais sobre como melhorar o uso do solo e conservar os recursos hídricos do Sistema Cantareira.  Nas capacitações, os pesquisadores têm como eixo condutor as questões ambientais locais relacionadas ao manejo adequado de processos produtivos e a geração de renda sustentável.

“Produtores” de leite sem vaca

Um dos pontos discutidos na reunião foi o impacto dos atravessadores, pessoas que compram o leite de pequenos produtores, revendem aos laticínios e por conta do volume que representam conseguem maior lucro.  O produtor rural Márcio José dos Reis, do município de Socorro, da cidade de Socorro, relatou o fato. “Tenho minha ordenha, meu tanque, o tambor de coleta e produzo qualidade. Muitas vezes as empresas pagam mais a quem não tem sequer uma vaca do que para o produtor pequeno que vende o leite gelado”.

Cristina Silva, compradora de leite da Yakult, vê a questão com preocupação, como motivo capaz de levar os produtores que até então investiam na qualidade a seguir outro caminho. “Esse cenário pode interferir na qualidade do leite, o produtor pode começar a se perguntar por que investe tanto para produzir leite bom, se há quem compre leite ruim. O padrão mínimo está na lei, na Instrução normativa 62/2011 e ele tem de ser exigido, o produtor tem que atingir aquele padrão. Se ele superar o padrão ele é bonificado por agregar valor ao produto”.

Para Viviana Roncoletta, gerente geral dos Laticínios Gióia, de Atibaia/SP, o tema está relacionado à postura de cada empresa. “Isso varia muito da política de qualidade do laticínio, porque se o laticínio vai fidelizar o produtor, ensina que vai pagar com constância por um leite de melhor qualidade. Em uma época do ano em que todo mundo está desesperado, essa pessoa vai receber mais do que você (se referindo ao produtor Márcio), mas na safra quando tem mais leite do que a demanda, ele não terá o que fazer com o leite e ao longo do ano você que tem qualidade recebeu muito mais”.   

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