Pesquisadores do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, incluindo do Projeto Semeando Água, compartilharam experiências e conhecimento com o grupo de Jovens Líderes Climáticos Brasil (Youth Climate Leaders), em Nazaré Paulista, em junho. A sede do IPÊ foi o local escolhido pelo grupo formado por jovens de 17 a 37 anos para concluir a imersão de dois meses. “Os jovens do programa estão em transição de carreira, em busca de um propósito. Buscamos sempre essa imersão em algum local que desenvolve trabalhos com meio ambiente, contato com especialistas da área e, claro, esse contato com a natureza. É um modo de mostrar como é isso na prática e no Brasil. O IPÊ tem toda a estrutura que precisamos e foi muito interessante esse momento”, explica Flavia Bellaguarda, uma das fundadoras do Youth Climate Leaders e assessora de mudança do clima do ICLEI.

Durante a visita, o grupo teve a oportunidade de saber mais sobre as frentes de atuação do IPÊ: Projetos, a Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade – ESCAS e a Unidade de Negócios Sustentáveis. Eduardo Badialli, coordenador de cursos livres da ESCAS apresentou um panorama da forma como o IPÊ atua, incluindo a aplicação do conhecimento científico como eixo central das ações e destacou o fortalecimento das comunidades como premissa. 

“Todos os projetos desenvolvidos pelo IPÊ têm como base a pesquisa aplicada. Nesse processo, mobilizar a comunidade é também uma característica do trabalho do IPÊ. Sabemos que um dia os projetos terão um fim e a ideia é envolver e capacitar a comunidade para que ela tenha condição de seguir adiante. A proximidade com a comunidade nos projetos desenvolvidos pelo IPÊ envolve inclusive a criação de protocolos em conjunto, como acontece no Monitoramento Participativo da Biodiversidade – MPB em Unidades de Conservação da Amazônia, uma parceria com Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio”.

Uso do solo e a relação com a água

Na sequência o grupo conferiu apresentação de Andrea Pupo, educadora ambiental do Projeto Semeando Água, que tem como objetivo contribuir para o aumento da segurança hídrica do Sistema Cantareira. Andrea iniciou a apresentação com o vídeo para produtores rurais que ajuda a entender os principais desafios da região.  Muitos jovens do grupo lembraram da crise hídrica que assolou a região metropolitana de São Paulo de 2014/2015. Andrea pontuou que aumentar a resiliência do Sistema Cantareira passa necessariamente por melhorar o uso do solo na região. “Isso significa que precisamos recuperar mais de 100 mil hectares de pastagens degradadas e restaurar 21 mil hectares de Áreas de Preservação Permanente – APPs, o que equivale a plantar 35 milhões de árvores. Sabemos que não resolveremos essa questão sozinhos, mas construímos um caminho que tem como base cinco frentes de atuação: Manejo de Pastagem, Restauração Florestal, Educação Ambiental, Políticas Públicas e Comunicação”.

Eduardo Badialli e Andrea Pupo realizam apresentação do IPÊ e do Projeto Semeando Água para os jovens.

Tiago Pavan Beltrame, coordenador de restauração florestal do Projeto Semeando Água, conversou com o grupo em área restaurada pelo IPÊ próxima à sede, onde os jovens conferiram como se faz um plantio e puderam contribuir na prática. “Entender a paisagem onde será feita a restauração é fundamental. A proximidade com fragmentos de mata nativa contribui para o resultado da restauração em área próxima e a diversidade de espécies que precisa ser incluída é menor, já que muitas serão plantadas por propágulos”.

Tiago Pavan Beltrame e Andrea Pupo esclarecem dúvidas do grupo

Andrea Pupo e Tiago, assim como Badialli, reforçaram para o grupo que o envolvimento com lideranças locais e com a comunidade é essencial. “A comunidade precisa se reconhecer no projeto, ter a sensação de pertencimento em relação às ações e às áreas onde ele acontece, isso é fundamental”, pontua Tiago.

Jovens durante o plantio em área próxima à represa Atibainha, em Nazaré Paulista, que contribui com o Sistema Cantareira