Após a crise de desabastecimento de 2014, quem tem seu fornecimento de água pelo Sistema Cantareira se mantém atento ao nível dos reservatórios e também ao monitoramento da quantidade de chuva. A região sudeste já sofre com os efeitos do desmatamento na Amazônia, que tem seu regime de chuvas fortemente influenciado pelos chamados “rios voadores”. Mas nem só da chuva depende a quantidade de água armazenada.

foto: Bruno Fernandes

Conheça os principais desafios e resultados até agora do projeto Semeando Água para manter vivo o Cantareira.

Ações como a restauração florestal das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e o incentivo a adoção de Sistemas Produtivos Sustentáveis promovem a captura de carbono e o armazenamento da água no solo e são essenciais para a recarga dos aquíferos. Ambas possibilidades são promovidas pelo projeto Semeando Água. A fim de apoiar gestores públicos, contribuir com a economia nas propriedades rurais e aumentar a resiliência do Sistema Cantareira, a pesquisa de Letícia Freitas, integrante do projeto Semeando Água,  compara quais ações seriam mais eficazes para atingir esse objetivo.

Letícia busca as respostas para essa questão através da análise da bacia do rio Atibainha, que apresenta um dos melhores estados de conservação do Sistema Cantareira. Os resultados contribuirão para o entendimento dos desafios a serem enfrentados na busca por segurança hídrica em diferentes cenários de crise climática projetados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC). O objetivo do estudo é comparar os efeitos sobre o fornecimento de água a partir da adoção de diferentes estratégias de planejamento territorial para a conservação de água e do solo.

“A melhoria das práticas de manejo em áreas importantes para a recarga dos aquíferos, ajuda a reduzir oscilações na disponibilidade hídrica ao longo do tempo, contribuindo para a melhor gestão da água a longo prazo. Já a restauração das APPs contribui para o sequestro de carbono da atmosfera que é a principal estratégia para frear as mudanças climáticas. Além disso, nossas análises demonstraram um efeito de sinergia entre essas duas estratégias, segundo o qual a qualidade ambiental se torna maior quando elas são aplicadas em conjunto do que separadamente.” explica Letícia Freitas, pesquisadora do projeto Semeando Água, uma iniciativa do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e Governo Federal.

Sua análise demonstra que a sustentabilidade dos usos dos recursos naturais depende de aspectos inter relacionados, e é preciso agir em diversas frentes a fim de enfrentar um desafio tão complexo.

“Nossos resultados destacam a importância das atividades desenvolvidas pelo projeto Semeando Água para reduzir flutuações temporais no fornecimento hídrico, e facilitar a gestão da água a longo prazo.  No entanto, eles salientam também, que essas medidas devem ser combinadas com um esforço coletivo e intenso de redução das emissões de gases de efeito estufa, caso contrário, São Paulo poderá viver novamente eventos de crise”, finalizou Letícia.

O Projeto Semeando Água conta com uma campanha nacional para doações de mudas Protetor do Cantareira e mantém também canal aberto para o apoio de empresas interessadas em somar esforços e contribuir com o Sistema Cantareira.