O Sistema de Áreas Protegidas do Continuum Cantareira ou Contínuo Cantareira, na Mata Atlântica, é uma área considerada prioritária para a conservação da biodiversidade. A região tem um grande potencial para ser um corredor de ligação entre os fragmentos da Serra da Cantareira e os maciços florestais da Serra da Mantiqueira, importante para a reconexão florestal, uma necessidade urgente para a manutenção da fauna, flora e serviços ecossistêmicos. Por essa razão, diversas pesquisas são realizadas ali para a conservação socioambiental, em especial, nas Unidades de Conservação (UCs).

Para alinhar informações sobre os trabalhos executados na região e buscar estratégias que contribuam para o fortalecimento dessas ações, o IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas e a Fundação Florestal reuniram mais de 50 pessoas para o 1° Simpósio do Continuum Cantareira, dias 30 e 31 de outubro, na sede do IPÊ, em Nazaré Paulista (SP). No evento, profissionais, lideranças e gestores de sete UCs trocaram experiências e debateram estratégias de integração e oportunidades que sirvam para fortalecer os trabalhos ali executados.

A programação intensa trouxe no primeiro dia o panorama do Continuum Cantareira com apresentações de pesquisas de aplicação prática, além da importância da Conectividade. O fomento às pesquisas em Unidades de Conservação via Fapesp, além das oportunidades e dos desafios identificados pelo Comitê de Bacias Hidrográficas PCJ também estiveram em pauta. Tudo pôde ser acompanhado também via transmissão online. No segundo dia, os participantes debateram temas prioritários do Contínuo, como Fauna, Uso e Ocupação do Solo, Gestão de Pesquisa, Recursos Hídricos e Vegetação.

A troca de conhecimento e os debates tiveram como resultado uma carta de compromisso com proposta de estabelecimento de mecanismos para atender às prioridades de pesquisa para a região. O documento recebeu as contribuições dos participantes.

Nos próximos 40 dias será lançado outro documento com os direcionamentos das próximas ações com foco nos temas prioritários.

Aliança em prol do conhecimento

Para Lucila Manzatti, diretora do núcleo Metropolitano e Interior, da Fundação Florestal, o evento marca um momento estratégico. “Esses dois dias foram de extrema importância para a gente viabilizar a implementação dos Planos de Manejo das UCs e mais do que isso abrir os horizontes de cada uma dessas UCs que têm características tão peculiares. A ideia é que a gestão possa ocorrer de forma conjunta”, disse.

João Batista Baitello, pesquisador científico do Instituto Florestal, aproveitou o momento para destacar a importância da responsabilidade compartilhada.  “Nós sabemos que a água é de responsabilidade de todos. Em função disso, considero a instituição onde atuo – o Instituto Florestal – responsável também por esse processo estudando as UCs do Continuum Cantareira. Coloco a IF à disposição quanto aos temas trabalhados no evento: Fauna; Uso e Ocupação do Solo; Gestão de Pesquisa; Recursos Hídricos e Vegetação, que é a parte que mais me toca”.

Eduardo Ditt, secretário executivo do IPÊ, pontuou o alinhamento do Instituto com o propósito do evento. “O que estamos propondo nesse simpósio é justamente isso, reunirmos as pesquisas e as ações para somarmos forças. Estamos na região há mais de 23 anos e o que temos percebido nesses últimos anos é que apesar de toda essa riqueza de recursos hídricos, de biodiversidade, de cobertura florestal, a paisagem está vulnerável”. No Simpósio, o IPÊ além de realizador, ao lado da Fundação Florestal, é também parceiro via outras duas iniciativas, a ESCAS – Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade e o Projeto Semeando Água, uma realização do IPÊ, com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e Governo Federal. 

Eduardo Ditt (IPÊ), João Batista Baitello (Instituto Florestal – IF) e Lucila Manzatti (Fundação Florestal)

Conectividade florestal deve ser estratégia

Mais de 15 apresentações alinharam o conhecimento dos participantes sobre a região. A importância da conectividade florestal para a região foi um dos destaques. Alexandre Uezu, e coordenador do Projeto Semeando Água/IPÊ, resumiu essa questão na apresentação final do bloco destinado às discussões sobre Unidades de Conservação e Pesquisas com a palestra Conectividade no Continuum Cantareira. (link) “A região do Continuum Cantareira é uma das mais importantes do mundo para o aumento a conectividade. Nesse desafio, conectar as UCs têm grande importância. Os dados do Biota Fapesp reforçam que no Estado de São Paulo essa área também é prioritária para a restauração florestal, justamente por conta dos remanescentes que conectam a Serra da Mantiqueira com a Serra da Cantareira”, alertou.