No dia 10 de junho foi realizado no Sítio Primavera, em Nazaré Paulista uma Oficina de EM (Microrganismos Eficientes) pelo projeto Semeando Água, uma iniciativa do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e Governo Federal.

Os microrganismos são seres vivos extremamente pequenos, que não podem ser vistos a olho nú. Na agricultura são chamados de eficientes, pois otimizam os processos ecológicos, “vivificando” o sistema através da recomposição da microbiota saudável do solo. Quanto maior a quantidade e a diversidade de vida no solo, melhor será a qualidade do alimento produzido na agricultura.

Os EMs podem oferecer diversos benefícios dentro de um sistema agrícola, dentre eles:

  • Melhora da “saúde” do solo, diminuindo sua compactação, através da produção de compostos e do aumento do crescimento do sistema radicular
  • Otimização dos processos de adubação
  • Aumento da disponibilidade de Nitrogênio no solo, através da fixação biológica
  • Aumento da disponibilidade de fósforo absorvível pelas plantas no solo (através da solubilização do fosfato)
  • Melhora do metabolismo das plantas (produção de vitaminas e outras moléculas) 
  • Aumento da produtividade agrícola (aumenta germinação, crescimento e aceleração da maturação de frutos) e da qualidade dos produtos colhidos
  • Aceleração da ciclagem da matéria orgânica, aumentando a disponibilidade e reposição de nutrientes para as plantas 
  • Aceleração do processo de compostagem de resíduos
  • Diminuição da ocorrência de doenças e pragas, reduzindo perdas na produção
  • Eliminação ou redução do uso de agrotóxicos, pela maior resistência das plantas

Além de benefícios para as plantas, os EMs podem ser também usados

  • Na compostagem de resíduos
  • Na alimentação animal e tratamento de patologias
  • Na descontaminação de corpos d´água
  • No desentupimentos de tubulações (como fertirrigação)
  • No tratamento de esgoto
  • Na higiene (lavagem de roupas ou de instalações)

A oficina teve início com a palestra do Lucas Antonio Benso, Engenheiro Florestal e Doutorando em Ciência Florestal pela UNESP/FCA de Botucatu-SP. Lucas apresentou aos participantes definições sobre os diversos tipos de microrganismos, sua variedade, exemplos de onde ocorrem e seus usos, como podem ser utilizados na agricultura e como podem ser produzidos.

 

 

O processo de produção pode ser realizado de várias formas. Seu início se dá com a produção da “isca”, uma quantidade de arroz cozido sem sal e outros temperos, que capturará os microorganismos locais. Uma das maneiras é deixar esse material em torno de 8 dias em um local com ampla diversidade biológica, como florestas, preferencialmente, com pouca ação humana e presença de serapilheira em decomposição. Durante esse período os microrganismos locais serão “capturados”, formando diversas colorações no arroz. As partes coloridas que se formam (brancas, amarelas, vermelhas, alaranjadas, verde ou azul) serão mantidas, estando nelas os microrganismos regenerativos desejados. Já as partes pretas ou acinzentadas devem ser descartadas, pois não constituem os microrganismos interessantes a processos agrícolas. Após esta etapa, o arroz é colocado em garrafas PET com água e adição de açúcar ou melaço, que serve de alimento para sua multiplicação. O gás é retirado periodicamente das garrafas, tornando o restante do processo anaeróbio. O líquido resultante do processo é diluído em mais água e pode ser utilizado de diversas maneiras. Segundo Benzo

Produtores rurais, que aprendem a fabricar suas próprias soluções de microrganismos eficientes (EMs), passam a ter em suas mãos uma alternativa de baixíssimo custo e de reduzido impacto ambiental para os agrotóxicos tipicamente utilizados. De forma geral, os EMs atuam tornando o solo mais diverso e vivo, aumentando a sua fertilidade e capacidade de abrigar culturas agrícolas.”

No período da tarde, os sucessores rurais do Sítio Primavera, Eloisa Pinheiro e Israel Junior compartilharam sua experiência com a utilização da técnica. Mostraram aos participantes diferentes etapas da produção de EM, métodos de aplicação e realizaram uma visita guiada por sua produção.

Eloisa e Israel são produtores de flores ornamentais para a decoração de eventos e também comercializam sua produção no CEAGESP. Os EMs são utilizados no preparo de solo, adubação da produção e também para a proteção contra pragas e doenças. Utilizando práticas de produção sustentáveis, os produtores semeiam água na região e inspiram outros agricultores.

“Nossa experiência em usos de EM (Microrganismos Eficientes) começou na produção de flores, principalmente hortênsias. Estendemos o uso nos plantios de alimentos orgânicos durante os últimos dois anos na pandemia e com o retorno dos eventos estamos novamente fazendo uso nas flores. Tem mostrado resultado favorável na produção, principalmente na saúde do solo e aumento de produtividade. Essa tecnologia sustentável aliada a demais manejos garante ao produtor rural um excelente custo benefício. No Projeto Semeando Água fazemos a produção de flores alinhada a restauração do meio ambiente. A plantação fornece serviços ecossistêmicos, o solo tem uma maior capacidade de infiltrar e reter água, dentre outros benefícios. E uma produção com resultados mantêm o agricultor em sua terra tendo assim um ciclo harmonioso.”

O sítio está localizado no bairro Cuiabá, local que conta com diversas ações do projeto Semeando Água por ser um importante ponto de recarga hídrica da região e, consequentemente, do Sistema Cantareira.